sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Caiu o novo chefe narco

‘Mono’ Jojoy

Em 1964, quando se ouviu falar pela primeira vez nas FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) descerrava-se entre nós o ciclo ditatorial com o marechal Humberto de Alencar Castello Branco sendo o primeiro a exercer a presidência da República nesse período. Entrementes, não havia a menor ligação séria de esquerdas brasileiras com aquele exército paralelo ao colombiano regular. A guerrilha no Brasil se feria praticamente à distância das FARC ou de qualquer outro movimento de insurgência paramilitar ao regime aqui instaurado.
Até os brasileiros que partiram para o exílio o fizeram mais em busca de trabalho, alguns, também, de estudo, de acordo com o pé de meia de cada um, do que de ‘ordens unidas’ preparatórias para insurgência ou contrainsurgência a governos totalitários como os que se instalaram durante décadas no país.
Lembro-me, já na ‘era digital’, pouco antes de ingressarmos no ano 2000, deixando-me levar pelas ondas corredias da Internet entro acidentalmente numa página que parecia ter sido inserida no periódico argentino La Nación, por artes de berliques e berloques, e qual não foi minha surpresa ao verificar na telinha que estava diante de uma concentração de guerrilheiros das FARC, alguns dos quais, naturalmente em ‘parejas’, dançavam bem animados. Em 2008, as FARC perdem seu segundo chefe, Raúl Reyes, em confronto com as forças legalistas, no governo de Álvaro Uribe Vélez. Ingrid Bettancourt, ex-candidata à presidência da Colômbia, caíra nas mãos da guerrilha, que a leva para a selva como refém, sendo libertada seis anos e meio depois e graças à intervenção dos presidentes da Venezuela, Hugo Cháves, e da França, Nicolas Sardozy.
Deito a cabeça no travesseiro e me ponho a refletir sobre o quebra - cabeças em que se transformava, às vezes, a política não apenas entre países de uma mesma região como também de regiões distintas: França e Venezuela, o caso: aproximavam-se por razões de segurança interna mescladas com algum interesse econômico, direcionado ao petróleo venezuelano.
Agora, em 2010, sem mais espaço para atuar e sem nenhum apoio de políticos da região, as mãos tisnadas no narcotráfico, as FARC sofrem a maior derrota desde sua criação. Juan Manuel Santos, que sucede a Uribe na presidência da Colômbia, ergue o punho da vitória, exclamando: “Cai mais um símbolo narco!”. Não é outro senão Jorge Briceño, o Mono Jojoy. Desta vez, o Exército colombiano utilizou 30 aviões e 27 helicópteros, tendo vasculhado toda a área até então dominada pelo narcotráfico, que insiste na afirmativa de que se abastece do crack, derivado da cocaína com vistas aos consumidores com poucos recursos, na ponte México-Norteamérica.
Mono Jojoy, assim chamado por ser louro, usava vários nomes, como Victor Julio Suárez Rojas e Jorge Briceño, que se acredita seja o verdadeiro. O corpo foi identificado através de um relógio e umas pastilhas para o diabetes, de que ele sofria. Dizem uns ter ele nascido em Boyacá e outros em Cundinamauca, América Central. Tudo faz crer ter sido ele criado, com o irmão Germán, na selva colombiana, que conhecia na palma da mão. Fala-se que Germán se acha hoje escondido na selva da Venezuela. Jorge Briceño, ou Mono Jojoy, encerrou sua carreira de narcotraficante aos 57 anos.
O novo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, põe fim a uma guerra de 40 anos contra o tráfico de drogas.




quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Estados Unidos executam débil mental


Nesta quinta-feira, 23 de setembro de 2010, ‘dia de Júpiter’ na mitologia greco-romana, às 9 da noite (horário de Washington), se a Suprema Corte dos Estados Unidos mantiver sua recusa de clemência para Teresa Lewis, 41 anos, acusada de cumplicidade em duplo homicídio, será executada com injeção letal na prisão ‘correcional’ de Greensville.
Lewis confessou-se culpada pela morte de dois homens, um deles que teria sido seu amante e o filho dele, facto ocorrido em 2002 e que se reveste de maior dramaticidade com o agravante de a condenada se achar no limite da debilidade mental, desconhecendo mesmo, em seu fraco, ou nulo, juízo, por que está encerrada em Greensville.
De nove magistrados, apenas dois acataram a petição da defesa, de paralisação da sentença por atraso mental da condenada; por sinal, duas das três juízas que faziam parte da banca: Ruth Ginsburg e Sonia Sotomayor. Acrescente-se que se for realmente cumprida a sentença, polêmica no caso em pauta – pelo processo mental degenerativo que sofre a ré, será a décima segunda execução de mulheres no país desde que se reinstaurou ali a pena máxima.
Sessenta e uma mulheres estão à espera de sua hora no ‘corredor da morte’ no Estado da Virgínia. Ou de quem as ouça com ouvidos limpos e a alma pura.
De passagem pelos Estados Unidos, o presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, teceu duras críticas ao governo estadunidense dizendo que sua mídia silencia quando se trata da aplicação pelos seus juízes de penas de morte em até deficientes mentais. Frisou que a Justiça americana carrega por anos, ao parecer, sem fim, por sua história enlameada de conquistas empreendidas sem nenhuma base legal continentes em fora. Quanto a Sakineh Mohammad, frisou ser um caso encerrado, suspensa a pena que lhe fora imposta. E que falecem coragem e dignidade aos norte-americanos para tomarem decisões que venham ao encontro de uma justa concepção de vida moral, espiritual e material.

sábado, 18 de setembro de 2010

Ciganos vão à Corte de Estrasburgo


Nos sentimos David contra Golias


Um buraco negro parece ter-se aberto, com o entrechoque de argumentos a favor e contra a permanência de ciganos em território francês, ao som, diria, interminável e doce de um violino a vir de muito longe, quem sabe – das estrelas da România ou da Bulgária ou da Bósnia. A impressão que se tem é de que o Eliseu, se lhe fosse dado o poder de manifestar-se por si mesmo, cerraria portas e janelas pelo tempo que fosse necessário enquanto durassem as discussões tolas sobre uma crise étnica estranhamente singular, inconcebível; inacreditável, por assim dizer.
O imbróglio envolve França, Espanha, Luxemburgo, Itália, agora também a Grã-Bretanha e outras praças da Europa, só não alcançando, em outro meridiano, os Estados Unidos da América por se acharem estes fora de órbita por razões cambiais, que os obrigam a apertar o cinto; e, ainda, o Brasil, impropriamente considerado emergente pela ONU, por ser, talvez, um dos raríssimos países a ostentarem uma economia em franco crescimento, de causar inveja e espanto aos norte-americanos, por exemplo, que sofrem quedas preocupantes nos ativos financeiros, aumentando lá, a cada dia, o contingente de cidadãos na linha da pobreza.
O clima esquentou para todos os lados, sem que a Comissão Européia mova uma palha a fim de serenar os ânimos entre os contendores e encontrar uma solução pelo menos conciliatória para o fosso que se abriu à primeira vista irremediavelmente entre as nações querelantes.
O presidente da França, Nicholas Sardozy, se mostra inflexível em seus delírios persecutórios quando investe de forma claramente desalmada contra a comunidade cigana, extensivamente rumana. Contudo, sempre que isto ocorre, aparece alguém para rebater-lhe as idiossincrasias. O poeta português, ou universal, Fernando Pessoa já dizia: ...”Entre o sono e o sonho / entre mim e o que em mim / é que eu me suponho; corre um rio sem fim”.
Assim, Nikolas Sardozy, como a puxar do fraque uma eurodeputada de sua estima partidária, dá-lhe a palavra para dela ouvir e passar à frente que os ciganos rumanos “provocam os mesmos problemas na França e na Espanha”. Idiossincrasia pura e delituosa...
Nada, entretanto, que surpreenda. Sarkozy é de uma direita a mais extremada. Em Paris mesmo já há quem o compare aos nazi-fascistas da II Guerra Mundial. Ainda em termos comparativos, fala-se que as atuais deportações de ciganos da França têm sido feitas à imagem e semelhança daquelas de judeus da Alemanha no conflito com o III Reich. E das investidas nazis na batalha de Stalingrado (1942-43), ali encontrando a heróica resistência dos soviéticos, cujas baixas nas fileiras da Grande Guerra Patriótica, que correu paralela à das forças aliadas, comandadas de automóvel conversível por Eisenhower, e que resultou na vitória inegável, contundente, de Moscou sobre Berlim, superaram de duas a três vezes mais as vítimas do Holocausto. Os combates nas trincheiras soviético-alemães, enquanto o povo americano se divertia em seu próprio território inteiramente a salvo de bombardeios e outros ‘pesadelos’, a não ser os mostrados nas telas cinematográficas, ceifaram pelo longo e doloroso caminho trilhado até Berlim, em números oficiais, durante 1418 dias e noites, numa frente de 3000 a 6200 quilômetros, uma média de nove a dez vidas soviéticas por minuto, ou seja, cerca de 600 por hora – um total superior a 20 milhões, isto é, 2/5 de todos os mortos em
combate na II Guerra Mundial. Além disso, a URSS teve um prejuízo material estimado de 485 trilhões de dólares, ao preço dos anos 40. Em razão do praticamente imensurável número de baixas nas frentes russas, milhares de soldados e oficiais tiveram de ser substituídos por mulheres nos tratores e outras máquinas em Moscou e cidades do interior onde mais requeria sua presença. Foi quando criaram no Ocidente a imagem torpe da russa masculinizada. A mulher dirigindo um trator, no imaginário de tio Sam, já pelos começos da ‘guerra fria’ dava lugar a uma outra invencionice e muito pior: os americanos fotografaram em Moscou umas crianças brincando com a neve, abriram uma legenda informando que elas disputavam alimentos caídos ao chão, tiraram um sem-número de cópias da foto, distribuindo-as entre as agências de notícias ocidentais, do então chamado “mundo livre”. Era o tempo do macartismo nos Estados Unidos, do ‘pega para capar”, da cadeira elétrica para o casal Rosenberg, em nome da democracia...
Também em nome da democracia, agora na França, a França da resistência à invasão nazi na década de 40, acampamentos de rumanos são varridos por Sardozy e seus cupinchas, pelo ‘crime’ de serem ciganos?
Na Espanha existem em torno de 30 mil a 50 mil ciganos, a grande maioria rumanos,



seguindo-se os búlgaros e, de resto, os bósnios. Vivem em assentamentos, salvo alguns grupos ingleses e franceses.
O presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, frisando não ser do seu feitio meter-se em querelas de etnia, mas que se tratava de assunto de sua alçada, declarou que é demais comparar as atuais deportações às da II Grande Guerra. O primeiro ministro italiano, Sílvio Berloscono, fala em “panos quentes” enquanto aqueles que falam pelo povo cigano detectam claras “conotações nazis” em todo este processo de deportações. Dizem que o povo cigano europeu assiste indignado a esta política e perplexo ante as “trifucas verbais” ouvidas nos salões oficiais. Estão, agora, decididos a atuar de forma enérgica, indo ao foro competente, que é o Tribunal de Estrasburgo, ante as iniciativas do presidente francês, Nikolas Sardozy. A União Rumana espanhola já preparou toda a documentação necessária à demanda junto àquela Corte, o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, contra a intolerância do Eliseu. O presidente da União România foi enfático ao tratar do assunto: “Nos sentimos David contra Golias. Não queremos ficar de braços cruzados enquanto membros de nossa comunidade são expulsos cruel e maciçamente”.


quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O mundo tauromáquico


A revolta do touro


No mesmo dia em que o parlamento francês anunciava seu veto ao burka – o transpirável e tênue véu que encobre, ou encobria pelas ruas de Paris, o rosto de imigrantes muçulmanas – como a preservar a tradição de capital da elegância, ou do bem vestir, no mundo, cai à ponta de lanças arremessadas por um jovem de 26 anos, Marcos Rodriguez, em Tordesilhas, Espanha. “El Toro de la Vega”, famoso por ter feito carreira ‘gloriosa’ ao ser desafiado durante bom tempo por alguns dos maiores toureadores do país.
Foi pela manhã da última quinta feira (l3 de setembro de 2010), quando ao último suspiro de “El Toro de la Vega” – as banderilhas o ferindo profundamente – desabavam aplausos junto ao cercado da arena, a tocarem o coração dos ambientalistas, que não deixavam de protestar contra “semelhante barbárie” num país conhecido fora da Europa como dos mais religiosos e civilizados de nosso planeta.
Entre os ambientalistas, não faltaram as lágrimas dos mais indignados com a “cena brutal, macabra” a que haviam assistido. Pelos arredores da praça de touros em Tordesilhas se viam cartazes de protesto contra a imolação de “El Toro de la Vega”. Um deles dizia: “Transcende ao mundo imaginado por Orson Welles e seu inspirador, H.G. Wells”. Wells, autor de A Máquina do Tempo e de Guerra dos Mundos, livro no qual o novelista de rádio Orson Welles se baseou para levar ao ar nos Estados Unidos, como se fora um longo, instigante e tenso noticiário a cobrir praticamente todos os horários de programas do dia, somente interrompidos alternadamente em questão de minutos com momentos de baile ironicamente relaxantes, rodados nos discos pelos operadores dos estúdios da rádio. Isso, no corpo de um programa de noticiário de ficção apresentado por Orson Welles, a transpirar seriedade, com sua voz grave, às vezes trêmula, para fins de convencimento dos ouvintes, a cada hora em que dizia aproximar-se estranha criatura que, para ele, só podia ser extraterrrestre, “claro que sim! –exclama, justificando: “a nave espacial já reduz... mais, mais! a distância de nós”.
E o radionovelista não deixava por menos: passara a se comunicar diretamente com a Casa Branca. Falava ao telefone com o Presidente, o qual lhe passava instruções e uma mensagem para que fosse levada ao ar, dirigida aos concidadãos, a recomendar-lhes calma “porque podem ser de índole pacífica, sem outro intuito que não seja colaborar conosco”.
Alguém liga para a emissora indagando sobre o partido da simpatia desses visitantes, o Republicano ou o Democrata?A pergunta, felizmente, não chegou ao éter, logo cortada pelos operadores, que desconfiaram a tempo de evitar que o ouvinte ‘engraçadinho’ empurrasse as vacas para o brejo...
E o programa foi em frente com um pelotão de extraterrestres armados de espécie de lança-chamas, sem que os tirasse das cintas, o que deixou um pouco tranqüilos aqueles que a tudo acompanhavam pelo rádio e que cheirava a pólvora interplanetária, pela sensibilidade não só das massas, também dos políticos e empresários norte-americanos, que procuravam olhar pelas frestas dos edifícios de onde vinha toda aquela movimentação transmitida pelo rádio. Estabelecera-se verdadeiro pandemônio, principalmente em Nova Yorque, além de Washington, o Presidente pedindo que ninguém saísse de suas casas ou do trabalho, exceto as guarnições do Exército e da Marinha, dos quartéis e que, pelo noticiário radiofônico, se dividiram estrategicamente por vários rincões do país, instruídas a entrarem em ação somente no caso de virem a ser atacadas. “e isso esperamos que não venha acontecer; temos um pastor ao nosso lado orando por todos nós”. E os operadores emendam à mensagem presidencial números de jazz afrolatino com Xavier Cugat e sua orquestra. Repentinamente, cessa todo o deslocamento de tropas, de carros de combate e de passeio, estes, poucos; silenciam as sirenes, reabrem-se as janelas, Cugat retoma o programa normal de baile e multidões se abraçam nas ruas, aliviadas. “Ainda não viram nada...”, dizia e repetia um pau d’água à porta da emissora. Não pensem que era o radionovelista. Orson Welles saíra pela porta dos fundos. O Presidente, ainda que ele próprio tenha caído no conto da guerra interestelar, aproveitou a ocasião para criar uma versão do que havia acontecido, qual seja que fora realizada e com sucesso uma simulação de ataque extraterrestre.
Na praça de touros de Tordesilhas não houve simulação quanto ao trágico destino que tinham reservado para “El Toro de la Vega”, algo como “celebração da vida e da morte”, a um tempo, contrapondo-se aos aficionados de rituais da tauromaquia aqueles que se batem em defesa dos direitos animais tanto quanto dos direitos humanos.
Num mundo tauromáquico como esse, o ex-presidente espanhol Felipe Gonzalez já expressa seu pessimismo diante do futuro da Europa.



segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Barack Obama alinha sua defesa

O Presidente e a Primeira Dama

O 11 de Setembro nos Estados Unidos transcorreu num clima bastante agitado, de confrontos seguidos que pareciam não ter fim, entre adeptos dos mais variados credos religiosos. O que seria uma homenagem tranqüila em memória dos 2.752 mortos do World Trade Center, em números oficiais, transformou-se, à medida que chegavam caravanas de todos os pontos do país em verdadeiro entrecruzamento de fiéis levando cartazes, contra e a favor da construção de uma mesquita no marco zero das Torres Gêmeas, além de bíblias, crucifixos, velas e exemplares do Alcorão. Vendedores ambulantes com suas barracas desmontáveis não faltavam: a Bíblia ao lado do Alcorão, em coexistência pacífica, indiferentes a alguns sopapos trocados em meio às discussões fora das vistas da polícia, mais preocupada em garantir a livre manifestação dos fiéis nos limites da permissibilidade constitucional.
O presidente Barack Obama compareceu com sua mulher, Michelle Obama, a uma cerimônia realizada no Pentágono em honra das vítimas da queda das Torres Gêmeas. Michelle estava, também, acompanhada da ex-primeira Dama, Laura Bush. O presidente aparentava certa frustração por não ter ainda conseguido a concórdia plena em seu governo, mas esperava chegar a um consenso em curto espaço de tempo, embora as eleições parlamentares estejam bem póximas. Analistas políticos dos próprios Estados Unidos prevêem dias difíceis para o presidente, embora o disfarce dê às vezes a impressão de achar-se deslocado no meio político em que vive. No ato solene do Pentágono, expressou-se com relação ao 11 de Setembro como sendo “um dia de reflexão e de recordação”, e acrescentou: “E espero que seja também um dia de unidade”.
Obama anda preocupado com o divisionismo que ele sente de perto ranger na estrutura da administração pública estadunidense. Hillary Clinton seria de todo confiável na condução da política de Estado? Não teria metido os pés pelas mãos nas questões internacionais em que o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, foi chamado a colaborar na arbitragem? Teria havido um entrechoque de interpretações de um dito não se sabe se irônico ou de inocente bom-humor, qual seja “o Cara”, como Obama se referiu a Lula ao recebê-lo na Casa Branca logo após haver assumido o Governo?
Barack Obama talvez não tivesse a medida exata dos problemas menos específicos da nacionalidade do que os propriamente políticos que iria enfrentar, quando preparava-se para assumir um poder não poucas vezes manchado por disputas interpartidárias, por escândalos do tipo Watergate, que afastou Richard Nixon (o poeta chileno Pablo Neruda classificou em versos essa era de nixonicídio), inclusive com o sangue de Jonh Kennedy, derramado em Dallas.
Já se fala nos corredores de Washington em divisão de poder na crista do enxame de membros dos partidos Democrata e Republicano, a rigor uma só legenda partidária mas que no frigir de ovos respinga sérias divergências no Salão Oval da Casa Branca e no Congresso. Em todo caso, é a democracia tal como a ensinam seus arautos a países qualificados como emergentes. De resto, o que se conclui é que as próximas eleições parlamentares norte-americanas estariam reservando a Barack Obama para seu segundo mandato – se houver – algumas surpresas desagradáveis, notadamente a recuperação de votos pelo Partido Republicano, o partido de George W. Bush e família, sua família política de triste memória.
Qual um guerreiro que pegasse sua lança e escudo, paramentando-se adequadamente para a guerra que já dá sinais de aproximar-se dele, o primeiro presidente negro americano interrompeu já em fins de agosto (2010) as férias de um republicano de peso, Ben Bernanke, numa ilha do Estado de Massachusets trazendo-o para a chefia do Federal Reserve. Assim, vai alinhando sua defesa contra possíveis intempéries nessas eleições, que podem obrigá-lo a uma mudança de rumo, se for de facto reeleito, conforme espera, acredita-se, a maioria dos americanos. Contudo, o sistema eleitoral de lá não é tão democrático como o brasileiro, por exemplo.


sábado, 11 de setembro de 2010

Mídia americana se dá mal com Fidel

Nove anos de 11-S








A interpretação enviesada de declarações feitas dia 9, de 20010, pelo comandante Fidel Castro do alto de seus 84 anos em boa forma (física e mental) agitou por um dia a comunidade anticastrista arranchada principalmente em Miami, levando-a a acreditar haver chegado a hora de preparar-se de facto para descer de paraquedas, em segurança, sobre Cuba. Certamente pensavam que botes, agora, são coisa do imaginário de ‘los cochinos’...
A entrevista de Fidel alcançou em minutos, entregue à mídia em inglês, o que facilitou sua difusão mundo em fora, enorme repercussão – somente contida com a interveniência do ex-presidente cubano.
E ele, apressando-se na retificação do que lhe haviam atribuído talvez por desconhecimento de algumas construções em língua hispânica, imaginou-se, dir-se-ia diante de um quadro negro, a pegar num giz e escrever: Onde se lê... O modelo cubano já não serve mais a Cuba, como poderíamos exportá-lo? Leia-se que o modelo capitalista é que não nos serve. E seria o caso, então, de responder inclusive que a ilha caribenha, enfim, por não ser de modelo capitalista, de bom grado poderia recomendar, a quem interessar pudesse, importá-lo dos Estados Unidos, apesar de tal produto, ao parecer, achar-se em final de estoque.
A julgar pelo que também se vê largamente publicado nos Estados Unidos, para consumo interno e exportação, Osama bin Laden tornou-se após, naturalmente, a destruição do World Trade Center o mais recente mito da crendice estadunidense. Isto, em meio a suas andanças de alma penada por montanhas islâmicas, aonde dizia-se que se refugiara, além de um tour que fizera pelo Oriente Médio e o Mundo Árabe, justamente numa hora em que só faltou ao governo de George W. Bush disseminar palmo a palmo pelas paredes de Norteamérica cartazes com a foto de Osama, a procurá-lo vivo ou morto mediante gorda recompensa. Ao contrário disso, entretanto, do que se teve conhecimento foi que Osama bin Ladem encontrara-se às furtivas com ministros de Bush, reconhecidamente de ultradireita, na Arábia Saudita e em Dubai, por exemplo, ajustando problemas de saúde e de logística. Runsfeld e Cheney, que passaram pelo ministério da Defesa do governo de George W. Bush, estiveram envolvidos na trama para a derrubada do World Trade Center. Tratava-se, para eles, de uma ação semelhante à de Pearl Arbor, que precedera as bombas de Hiroshima e Nagazaki. Uma ação costurada dentro do “projeto para um novo século”, sobre o qual já falamos numa série de artigos publicados neste blog, A História no Jornal”, titulada El 11-S y Sus Raíces.