Lula e a moeda do impossível
Pingarroxos da imprensa ocidental, incluindo-se alguns brasileiros, em especial do telejornalismo, à exceção de analistas conscientes de sua responsabilidade ética perante a opinião pública como José Pinguelli Rosa, catedrático da Universidade Federal do Rio de Janeiro e presidente da FBMC, cujas opiniões sobre o problema nuclear no mundo, sempre que entrevistado se acham afinadas com o respeito à soberania dos povos, primam por mistificar, descaradamente, situações concretas.
O prof. José Pinguelli, em recente entrevista ao canal de tevê Globo News, após ouvir várias entrevistas estapafúrdias sobre o acordo nuclear firmado pelo Brasil em Teerã por iniciativa do presidente Lula, contando inclusive com o aval da Turquia, deixou no ar a indagação por que só o Irã estaria impedido de enriquecer o urânio, tanto mais pelo fato de que somente com este minério não se faz a Bomba Atômica! E, o mais importante, por que não pressionar os Estados Unidos da América e seu par, Israel, e outros países da Europa visando ao desarmamento nuclear? Para Pinguelli, preocupam-se apenas com o Irã, talvez com vistas ao seu petróleo, que é rico e farto, detendo aquele país imenso a segunda ou terceira maior produção do “ouro negro” no mundo.
E mais: com olhos tão grandes deitados sobre o petróleo do Irã, e agora, mais do que nunca, os Estados Unidos procuram esconder de países aliados sinais de desespero em que parece estarem entrando, pelo isolamento a que se sentem submetidos em razão dessa reviravolta no tabuleiro de xadrez internacional.
Nós, brasileiros, devemos, com toda justiça, nos rejubilar de termos conseguido o que os Estados Unidos da América diziam, matreiramente, ser de todo impossível, porque o Capitão América, a voar mundo em fora pelos quadrinhos da mídia dirigida a uma juventude indefesa, não permitiria que sucedesse, mesmo que se alguém fizesse pé firme em sentido adverso às ambições de um império em fim de carreira, praticamente condenado à incômoda condição de moribundo. Deste modo, não faltaria no arsenal de heróis em quadrinhos quem aparecesse para obstaculizar a grande marcha das emancipações de países que tio Sam, cínica e ironicamente, rotulava de ‘em desenvolvimento’. Em vão, porém, visto que as turbulências financeiras sacodem a Europa, impossibilitados que ficam os Estados Unidos de contar com balsas de salvamento que seriam jogadas por presumidos aliados europeus, entre os quais a Rússia, cujo presidente, Dmitri Medvedev, no encontro com Luiz Inácio Lula da Silva em Moscou sob as vistas cautelosas de Putin, que mercê da experiência de antigo chefe da KGB na velha URSS manteve a boca fechada a sete chaves, por assim dizer, cometeu a chacota ou indelicadeza de apostar na chance de 1 a 3 de a missão do presidente brasileiro ser bem sucedida, antes de sua esticada a Teerã. Mais um cordeirinho dos Bush, pai e filho, esquecido nos braços de Obama? Como deve ter ficado a cara do chefe do governo russo após chegarem em Moscou as notícias do sucesso da missão Lula junto ao gigante asiático em campo neutro, a Turquia? Irã é o 6º maior país do mundo. É bom entender que o fato de Teerã haver anunciado, após o acordo, que o enriquecimento de urânio lá continuaria não deve ser levado a termos absolutos ou que isto seja um passo para os iranianos fabricarem a sua Bomba Atômica. Já se disse que a fabricação de um artefato nuclear requer o emprego de muito mais que urânio, ou seja, também de outros materiais estratégicos.
Recorde-se de quando agentes do imperialismo ocidental, em serviço de espionagem e captação de minérios no Brasil por parte de Norteamérica, punham suas mãos no extenso Vale do Rio Doce, desde o Estado de Minas Gerais até a região nobre da Amazônia, em busca de minérios para suas ‘necessidades nucleares’.
O juiz Osny Duarte Pereira lançava seu livro-bomba, na primeira metade do século XX, ‘A antinomia do Acordo Militar Brasil-EUA’, em que denunciava, vale dizer em cores fortes, a desfaçatez dos norte-americanos de impor ao Brasil um acordo francamente lesivo aos interesses nacionais.
Os americanos fuçavam até as areias monazíticas de Macaé, antes de a Petrobras se instalar na cidade mais clara do país: feita a barba diante de um espelho, viam-se com toda nitidez os poros do rosto, como se o rosto estivesse coberto de orifícios deixados por alguma doença misteriosa de pele. As areias da Praia de Imbetiba a sugarem os pés de banhistas, sendo elas monazíticas, dizia uma camareira do hotel encravado numa pedreira do Oceano Atlântico, que dava a impressão de ir, impetuoso, de encontro com a estrutura do Imbetiba.
Agora que a China acaba de anunciar sua aprovação ao acordo nuclear Brasil-Irã-Turquia, é chegada a hora de devolvermos a moeda do impossível aos americanos do Norte, numa referência à pretensão de Lula em sua missão, afinal vitoriosa, no Sudoeste asiático.
Será que o sangue nordestino do presidente brasileiro, caldeado com o sangue indígena, quem sabe dos tamoios, não terá influído nesta sua viagem a um outro mundo, um mundo asiático!?
Não pensem que sou do PT.
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