sexta-feira, 21 de maio de 2010

O circo de Washington

Hugo Chaves e Lula a estreitarem os laços de cooperação econômica entre seus países firmando novos acordos neste sentido, que venham contribuir decisivamente para a integração, como queria Simon Bolívar, do continente Sul das Américas.
É por governar nesta direção e por empenhar-se em dar continuidade a seu programa de governo, que Lula tem quase 100 por cento de aprovação popular, como demonstram as pesquisas de opinião, dependendo para isso da vitória de sua candidata nas eleições que se aproximam. E é o presidente brasileiro o alvo principal dos interessados em fazer com que o Brasil e nações co-irmãs entrem em processo regressivo.
Washington comanda o espetáculo, que inclui ainda as impagáveis “mulheres de branco” em suas manifestações no centro de Havana por liberdade para os anticastristas postos atrás das grades por ameaçarem a Revolução cubana. Se os norte-americanos se acharem ameaçados em seu próprio, território, como, aliás, se divulgou ainda recentemente o caso de um carro-bomba encontrado em plena Times Square - o que fariam senão efetuar as detenções de inimigos de seu regime e enviá-los a alguma das muitas bases prisionais que Washington possui no mundo. Ou, como já fizeram ao tempo de George Bush: encerrá-los em jaulas na base aérea de Guantánamo, inflingindo-lhes castigos corporais e morais como os de Abu-Ghraib, usando inclusive cães amestrados a fim de aterrorizá-los.
Quanto aos anticastristas presos em Havana por atentarem contra a Revolução, não se ouviu notícia alguma de que hajam sido torturados, nem de que lhes faltasse o alimento. Lembremo-nos do que aconteceu a um anticastrista que se recusara a alimentar-se, entrando em greve de fome até morrer estupidamente... E surgem as “mulheres de branco” em manifestações pelas ruas de Havana num longo documentário de tevê em que aparecem em primeiro plano, lado a lado, Fidel Castro e Lula, numa clara montagem fotográfica. A época é de campanha eleitoral no Brasil e a finalidade desse documentário é queimar Dilma Roussef como a candidata que se propõe dar continuidade à linha econômica e social do atual governo.
E que dizer da condenação de Sadan Hussein à forca por um corpo de juízes de engonço movido por uma troupe de militares ianques dos desvãos da Casa Branca? O olhar fixo e imperturbável de Sadan diante de seu carrasco, e dos próprios juízes de fachada, denunciava um dos crimes mais hediondos da História recente, a ponto de haver traumatizado até pessoas normalmente distanciadas do noticiário internacional.
Vem agora o dançarino Barack Obama - não o viram enlaçar sua Primeira Dama no dia da posse, saracoteando ao som de um blue na sacada do Salão Oval da Casa Branca? – com a petulância de querer impor seu presumido poder de veto à iniciativa brasileira de resolver diplomaticamente o problema do enriquecimento de urânio pelo Irã.
Deve ele, ao parecer, estar esfregando o nariz nos acolchoados de sua, agora, residência oficial, a tentar, inutilmente, passado tanto tempo, aspirar os odores do romance menos proibido que inconveniente, pouco ou nada indecoroso, do ponto de vista das liberalizações, caso se desenrolasse num motel ou que fosse num iate, entre Bill Clinton e a estagiária Mônica Lewinsky.
Assim é o Circo de Washington, mescla de descaminhos orais e “atos cirúrgicos” de guerra como aqueles fulminantes no feitio de mísseis eletronicamente dirigidos, através de uma parafernália de máquinas, desfechados sobre Bagdá, a Bela, diria o escritor Mansour Challita, pela “maior democracia do mundo”, cometendo esta o pecado, mais que mortal, da destruição de grande parte da História da Humanidade.
Que direito assiste a Washington no contexto da sócio-economia mundial para conter o Oriente Médio na busca de melhores condições de vida para seus povos, da mesma forma que o Brasil e outros países ditos emergentes, o que somente poderá ser conseguido armando-se adequadamente a exemplo do que fizeram os Estados Unidos da América e a antiga União Soviética, que foi desmantelada em razão de infiltrações de agentes da CIA mas que hoje, na roupagem de Rússia, por olhar Washington com certa desconfiança, mantém pelo menos grande parte dos seus mísseis apontada para a “maior democracia do mundo”.
Caberia, então, ao Brasil corrigir a sua Carta constitucional no dispositivo inspirado em uma ditadura que durou três décadas, iniciada, em tese, em 1964, o qual deixou nosso país impossibilitado de fabricar a sua bomba nuclear.

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