segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Barack Obama alinha sua defesa

O Presidente e a Primeira Dama

O 11 de Setembro nos Estados Unidos transcorreu num clima bastante agitado, de confrontos seguidos que pareciam não ter fim, entre adeptos dos mais variados credos religiosos. O que seria uma homenagem tranqüila em memória dos 2.752 mortos do World Trade Center, em números oficiais, transformou-se, à medida que chegavam caravanas de todos os pontos do país em verdadeiro entrecruzamento de fiéis levando cartazes, contra e a favor da construção de uma mesquita no marco zero das Torres Gêmeas, além de bíblias, crucifixos, velas e exemplares do Alcorão. Vendedores ambulantes com suas barracas desmontáveis não faltavam: a Bíblia ao lado do Alcorão, em coexistência pacífica, indiferentes a alguns sopapos trocados em meio às discussões fora das vistas da polícia, mais preocupada em garantir a livre manifestação dos fiéis nos limites da permissibilidade constitucional.
O presidente Barack Obama compareceu com sua mulher, Michelle Obama, a uma cerimônia realizada no Pentágono em honra das vítimas da queda das Torres Gêmeas. Michelle estava, também, acompanhada da ex-primeira Dama, Laura Bush. O presidente aparentava certa frustração por não ter ainda conseguido a concórdia plena em seu governo, mas esperava chegar a um consenso em curto espaço de tempo, embora as eleições parlamentares estejam bem póximas. Analistas políticos dos próprios Estados Unidos prevêem dias difíceis para o presidente, embora o disfarce dê às vezes a impressão de achar-se deslocado no meio político em que vive. No ato solene do Pentágono, expressou-se com relação ao 11 de Setembro como sendo “um dia de reflexão e de recordação”, e acrescentou: “E espero que seja também um dia de unidade”.
Obama anda preocupado com o divisionismo que ele sente de perto ranger na estrutura da administração pública estadunidense. Hillary Clinton seria de todo confiável na condução da política de Estado? Não teria metido os pés pelas mãos nas questões internacionais em que o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, foi chamado a colaborar na arbitragem? Teria havido um entrechoque de interpretações de um dito não se sabe se irônico ou de inocente bom-humor, qual seja “o Cara”, como Obama se referiu a Lula ao recebê-lo na Casa Branca logo após haver assumido o Governo?
Barack Obama talvez não tivesse a medida exata dos problemas menos específicos da nacionalidade do que os propriamente políticos que iria enfrentar, quando preparava-se para assumir um poder não poucas vezes manchado por disputas interpartidárias, por escândalos do tipo Watergate, que afastou Richard Nixon (o poeta chileno Pablo Neruda classificou em versos essa era de nixonicídio), inclusive com o sangue de Jonh Kennedy, derramado em Dallas.
Já se fala nos corredores de Washington em divisão de poder na crista do enxame de membros dos partidos Democrata e Republicano, a rigor uma só legenda partidária mas que no frigir de ovos respinga sérias divergências no Salão Oval da Casa Branca e no Congresso. Em todo caso, é a democracia tal como a ensinam seus arautos a países qualificados como emergentes. De resto, o que se conclui é que as próximas eleições parlamentares norte-americanas estariam reservando a Barack Obama para seu segundo mandato – se houver – algumas surpresas desagradáveis, notadamente a recuperação de votos pelo Partido Republicano, o partido de George W. Bush e família, sua família política de triste memória.
Qual um guerreiro que pegasse sua lança e escudo, paramentando-se adequadamente para a guerra que já dá sinais de aproximar-se dele, o primeiro presidente negro americano interrompeu já em fins de agosto (2010) as férias de um republicano de peso, Ben Bernanke, numa ilha do Estado de Massachusets trazendo-o para a chefia do Federal Reserve. Assim, vai alinhando sua defesa contra possíveis intempéries nessas eleições, que podem obrigá-lo a uma mudança de rumo, se for de facto reeleito, conforme espera, acredita-se, a maioria dos americanos. Contudo, o sistema eleitoral de lá não é tão democrático como o brasileiro, por exemplo.


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