Em 1964, quando se ouviu falar pela primeira vez nas FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) descerrava-se entre nós o ciclo ditatorial com o marechal Humberto de Alencar Castello Branco sendo o primeiro a exercer a presidência da República nesse período. Entrementes, não havia a menor ligação séria de esquerdas brasileiras com aquele exército paralelo ao colombiano regular. A guerrilha no Brasil se feria praticamente à distância das FARC ou de qualquer outro movimento de insurgência paramilitar ao regime aqui instaurado.
Até os brasileiros que partiram para o exílio o fizeram mais em busca de trabalho, alguns, também, de estudo, de acordo com o pé de meia de cada um, do que de ‘ordens unidas’ preparatórias para insurgência ou contrainsurgência a governos totalitários como os que se instalaram durante décadas no país.
Lembro-me, já na ‘era digital’, pouco antes de ingressarmos no ano 2000, deixando-me levar pelas ondas corredias da Internet entro acidentalmente numa página que parecia ter sido inserida no periódico argentino La Nación, por artes de berliques e berloques, e qual não foi minha surpresa ao verificar na telinha que estava diante de uma concentração de guerrilheiros das FARC, alguns dos quais, naturalmente em ‘parejas’, dançavam bem animados. Em 2008, as FARC perdem seu segundo chefe, Raúl Reyes, em confronto com as forças legalistas, no governo de Álvaro Uribe Vélez. Ingrid Bettancourt, ex-candidata à presidência da Colômbia, caíra nas mãos da guerrilha, que a leva para a selva como refém, sendo libertada seis anos e meio depois e graças à intervenção dos presidentes da Venezuela, Hugo Cháves, e da França, Nicolas Sardozy.
Deito a cabeça no travesseiro e me ponho a refletir sobre o quebra - cabeças em que se transformava, às vezes, a política não apenas entre países de uma mesma região como também de regiões distintas: França e Venezuela, o caso: aproximavam-se por razões de segurança interna mescladas com algum interesse econômico, direcionado ao petróleo venezuelano.
Agora, em 2010, sem mais espaço para atuar e sem nenhum apoio de políticos da região, as mãos tisnadas no narcotráfico, as FARC sofrem a maior derrota desde sua criação. Juan Manuel Santos, que sucede a Uribe na presidência da Colômbia, ergue o punho da vitória, exclamando: “Cai mais um símbolo narco!”. Não é outro senão Jorge Briceño, o Mono Jojoy. Desta vez, o Exército colombiano utilizou 30 aviões e 27 helicópteros, tendo vasculhado toda a área até então dominada pelo narcotráfico, que insiste na afirmativa de que se abastece do crack, derivado da cocaína com vistas aos consumidores com poucos recursos, na ponte México-Norteamérica.
Mono Jojoy, assim chamado por ser louro, usava vários nomes, como Victor Julio Suárez Rojas e Jorge Briceño, que se acredita seja o verdadeiro. O corpo foi identificado através de um relógio e umas pastilhas para o diabetes, de que ele sofria. Dizem uns ter ele nascido em Boyacá e outros em Cundinamauca, América Central. Tudo faz crer ter sido ele criado, com o irmão Germán, na selva colombiana, que conhecia na palma da mão. Fala-se que Germán se acha hoje escondido na selva da Venezuela. Jorge Briceño, ou Mono Jojoy, encerrou sua carreira de narcotraficante aos 57 anos.
O novo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, põe fim a uma guerra de 40 anos contra o tráfico de drogas.
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Caiu o novo chefe narco
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário