CIA rumina planos de
guerrilha contra Cuba *
Filho de Bush dá apoio a
exilados
Carlo Patiño **
A dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, efetivamente iniciada por Mikhail Gorbachov através de uma irônica reestruturação transparente - na realidade, planejada no eixo Moscou-Washington-, alarga a vulnerabilidade da América Latina e o Caribe à ditadura do capital do complexo industrial-militar: denominação dada orgulhosamente por Eisenhower à argamassa do capitalismo norte-americano.
A economia de mercado não vive sem a indústria de guerra, e capitalismo periférico, para o qual caminham os russos nesta sua contra-revolução importada dos EE.UU., numa hora em que nos EE.UU. crescem a taxa de pobreza e o banditismo, significa dependência ao centro de uma produção industrial que Bertrand Russell já nos anos 60 dizia ser “empregada no sentido não só
de perpetuar a fome no mundo, mas ainda de aumentá-la em alta escala e com fins de lucro”.
Em muitos pontos, ou no conteúdo, o discurso de Bertrand Russell (“Paz por meio da resistência ao imperialismo dos Estados Unidos da América”) não perdeu atualidade. Entre um crime e outro da Guerra do Vietnam, bradava o pensador inglês: “Como abutres, o pequeno punhado de ricos é cevado à custa dos pobres, dos explorados, dos oprimidos.(as riquezas da Terra são esfaceladas, dissipadas, saqueadas por uns poucos e usadas para matar milhões. Três mil e 300 bases militares estão espalhadas por todo o planeta para impedir que os povos derrubem um sistema nocivo”.
O do império das armas e dos dólares, uma de suas bases, talvez a mais bem cuidada, ocupa (desde 1903) 118 Km2 da província cubana de Guantánamo: permanentemente voltada contra a Revolução de 1º de janeiro de 1959 e a Vitória de Playa Girón, de 19 de abril de 1961, quando uma expedição de anticastristas armados no exílio pela Central Intelligence Agency (CIA), reforçada por mercenários, foi batida fragorosamente pelas forças de defesa de Havana.
E com a estranha derrocada do regime soviético, pela rapidez como ela se processou, a primeira impressão que se tem é de que o regime marxista-lenilista adotado na ilha caribenha, mesmo sem ferir peculiaridades locais, encontra pela frente maiores ameaças de desestabilização. Isto, levando-se em conta estarem os cubanos preparados para a Opção Zero, por exemplo a substituição de automóveis por bicicletas, como forma de sobrevivência nacional a um bloqueio cerrado do imperialismo às importações de petróleo e outros condutos naturais de progresso dentro dos padrões atuais de civilização.
Entretanto, o socialismo cubano não se renderá enquanto Fidel viver, sendo esta a dedução dos mais realistas do anticastrismo estabelecido em Miami, empresários em grande número. Há exilados, como Sergio López Miro, que colaboram no The Wall Street Journal, sustentando que falta a Cuba uma liderança contra-revolucionária da envergadura de Gorbatchov (um Boris Ieltsin não é citado, naturalmente porque não teria a menor chance de falar aos ilhéus de cima de um blindado das forças sob o comando de Raúl Castro, irmão do presidente), ou do polonês Lech Walesa, coqueluche do sindicalismo de uma época no Ocidente, protótipo do peleguismo internacional***, para enfrentar Fidel Castro em igualdade de condições, sobretudo carismáticas, na crista de uma sonhada onda insurrecional.
O deflúvio planetário do marxismo-lenilismo não será contido em razão de uma parada histórica ou desvio filosófico de rumo no Leste Europeu: se a História pára por assim dizer em determinada região, acidental ou criminosamente, em seu leito geopolítico, ela prossegue em outra região, até numa república insular. Não é por outro motivo que Cuba de após desintegração soviética – provocada a débácle menos pela reconhecida incompatibilidade socialista existente entre desenvolvimento sócio-econômico e armamentismo, pela contingência em que se viu Moscou de ingressar numa corrida armamentista, do que pela gradual infiltração de enganosos valores ocidentais nos próprios quadros dirigentes da URSS - transformou-se de pronto e na esteira de tão surpreendentes acontecimentos em símbolo concreto e vigoroso de resistência da cultura mundial ao neocolonialismo.
Logo, ninguém pode escamotear a evidência de estar a CIA hoje, mais do que nunca, ruminando planos devastadores contra a estrutura política e econômica de Havana. E tirar Fidel de cena, eliminando-o fisicamente, é o primeiro deles, fundamental para dar passagem à guerrilha de Miami: em treinamento nos pântanos da Flórida, com o apoio às claras de Jeb Bush, filho do presidente dos Estados Unidos.
* Correio do Ilac, Ano VI n.18
**Pseudônimo de Fernando Henriques Conçalves
*** Falsa representação sindical de trabalhadores, a serviço de empresas transnacionais.
guerrilha contra Cuba *
Filho de Bush dá apoio a
exilados
Carlo Patiño **
A dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, efetivamente iniciada por Mikhail Gorbachov através de uma irônica reestruturação transparente - na realidade, planejada no eixo Moscou-Washington-, alarga a vulnerabilidade da América Latina e o Caribe à ditadura do capital do complexo industrial-militar: denominação dada orgulhosamente por Eisenhower à argamassa do capitalismo norte-americano.
A economia de mercado não vive sem a indústria de guerra, e capitalismo periférico, para o qual caminham os russos nesta sua contra-revolução importada dos EE.UU., numa hora em que nos EE.UU. crescem a taxa de pobreza e o banditismo, significa dependência ao centro de uma produção industrial que Bertrand Russell já nos anos 60 dizia ser “empregada no sentido não só
de perpetuar a fome no mundo, mas ainda de aumentá-la em alta escala e com fins de lucro”.
Em muitos pontos, ou no conteúdo, o discurso de Bertrand Russell (“Paz por meio da resistência ao imperialismo dos Estados Unidos da América”) não perdeu atualidade. Entre um crime e outro da Guerra do Vietnam, bradava o pensador inglês: “Como abutres, o pequeno punhado de ricos é cevado à custa dos pobres, dos explorados, dos oprimidos.(as riquezas da Terra são esfaceladas, dissipadas, saqueadas por uns poucos e usadas para matar milhões. Três mil e 300 bases militares estão espalhadas por todo o planeta para impedir que os povos derrubem um sistema nocivo”.
O do império das armas e dos dólares, uma de suas bases, talvez a mais bem cuidada, ocupa (desde 1903) 118 Km2 da província cubana de Guantánamo: permanentemente voltada contra a Revolução de 1º de janeiro de 1959 e a Vitória de Playa Girón, de 19 de abril de 1961, quando uma expedição de anticastristas armados no exílio pela Central Intelligence Agency (CIA), reforçada por mercenários, foi batida fragorosamente pelas forças de defesa de Havana.
E com a estranha derrocada do regime soviético, pela rapidez como ela se processou, a primeira impressão que se tem é de que o regime marxista-lenilista adotado na ilha caribenha, mesmo sem ferir peculiaridades locais, encontra pela frente maiores ameaças de desestabilização. Isto, levando-se em conta estarem os cubanos preparados para a Opção Zero, por exemplo a substituição de automóveis por bicicletas, como forma de sobrevivência nacional a um bloqueio cerrado do imperialismo às importações de petróleo e outros condutos naturais de progresso dentro dos padrões atuais de civilização.
Entretanto, o socialismo cubano não se renderá enquanto Fidel viver, sendo esta a dedução dos mais realistas do anticastrismo estabelecido em Miami, empresários em grande número. Há exilados, como Sergio López Miro, que colaboram no The Wall Street Journal, sustentando que falta a Cuba uma liderança contra-revolucionária da envergadura de Gorbatchov (um Boris Ieltsin não é citado, naturalmente porque não teria a menor chance de falar aos ilhéus de cima de um blindado das forças sob o comando de Raúl Castro, irmão do presidente), ou do polonês Lech Walesa, coqueluche do sindicalismo de uma época no Ocidente, protótipo do peleguismo internacional***, para enfrentar Fidel Castro em igualdade de condições, sobretudo carismáticas, na crista de uma sonhada onda insurrecional.
O deflúvio planetário do marxismo-lenilismo não será contido em razão de uma parada histórica ou desvio filosófico de rumo no Leste Europeu: se a História pára por assim dizer em determinada região, acidental ou criminosamente, em seu leito geopolítico, ela prossegue em outra região, até numa república insular. Não é por outro motivo que Cuba de após desintegração soviética – provocada a débácle menos pela reconhecida incompatibilidade socialista existente entre desenvolvimento sócio-econômico e armamentismo, pela contingência em que se viu Moscou de ingressar numa corrida armamentista, do que pela gradual infiltração de enganosos valores ocidentais nos próprios quadros dirigentes da URSS - transformou-se de pronto e na esteira de tão surpreendentes acontecimentos em símbolo concreto e vigoroso de resistência da cultura mundial ao neocolonialismo.
Logo, ninguém pode escamotear a evidência de estar a CIA hoje, mais do que nunca, ruminando planos devastadores contra a estrutura política e econômica de Havana. E tirar Fidel de cena, eliminando-o fisicamente, é o primeiro deles, fundamental para dar passagem à guerrilha de Miami: em treinamento nos pântanos da Flórida, com o apoio às claras de Jeb Bush, filho do presidente dos Estados Unidos.
* Correio do Ilac, Ano VI n.18
**Pseudônimo de Fernando Henriques Conçalves
*** Falsa representação sindical de trabalhadores, a serviço de empresas transnacionais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário