quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Novela Amazônica...

Eva Bán


Grupo de Vargas Llosa (*)
entra na novela amazônica

Sarney acusado até de etnocida
e embaixador reage. No Rio,
jornalista conta toda a trama



O Grupo dos100, que reúne Mário Vargas Llosa(aspirante à presidência da República do Peru), Gabriel García Márques, Carlos Fuentes e Ernesto Sábato, com outros intelectuais e artistas latino-americanos, escreveu ao presidente Sarney clamando pelo fim da “barbárie dos depredadores da Amazônia”, e responsabilizando-o pelo futuro de “um dos principais pulmões do mundo”
A carta de mais esse grupo ecológico, endereçada a Sarney dia 3 último, f oi publicada esta semana no jornal mexicano La Jornada e, nela, o presidente brasileiro é acusado de usar um “tom nacionalista para rechaçar as críticas internacionais a uma politica ecocida e etnocida”.
Tais acusações foram consideradas inacreditáveis pelo embaixador do Brasil no México, José Guilherme Merchior.Em sua resposta oficial, Merchior afirma que “o documento é simplesmente inaceitável”, e disse esperar que, “sem esse tom panfletário e demagógico, o grupo dos 100 possa, em breve, abordar objetivamente a questão amazônica”.
No Rio, a jornalista e escritora Eva Bán declarou que “infelizmente, o meu instinto de repórter experiente estava certo”. Referiu-se a uma nota por ela assinada ao lado de um poema – As Queimadas, também de sua autoria, no n.12 do Correio do Ilac, órgão do Instituto Latino-Americano de Cultura. “Isso, algumas semanas antes do assassinato de Chico Mendes, que provocou a tempestade desabada através da imprensa européia e norte-americana sobre a política ambiental brasileira, culminando com a eclosão de um movimento ensaiado há quase duas décadas, no exterior, visando à internacionalização da Amazônia”.
Falei disso, em poucas e boas tintas, no Correio do Ilac, bem antes de começar toda esta barafunda nacional e internacional em torno do assunto, disse Eva Bán, acrescentando: “Discursos, artigos, mentiras e desmentidos transformaram-se, agora, numa montanha de confusão total. A verdade é que nós, brasileiros, temos o direito de reclamar, xingar, brigar com os que devastam nossa Natureza.Mas os estrangeiros, que deixem fora daqui suas mãozinhas quentes de cobiça”
Eva Bán, que é delegada no Brasil da Associação Internacional de Jornalistas, sendo, ainda, membro fundadora do Instituto Latino-Americanode Cultura, disse mais:
- Acho que todas as outras nações que praticamente acabaram com a maior parte da Nave Espacial-Terra deveriam pagar uma espécie de pedágio mensal (ou anual, adiantado!) como reconhecimento pela nossa gentileza de ainda termos conservado uma fonte de oxigênio sem a qual todas elas já teriam morrido asfixiadas. Aí teremos dinheiro para pagar guardas florestais em quantidade e qualidade. Mas, enquanto esta utopia não vier, continuemos lutando com o que temos, gritando bem alto: “Abaixo as queimadas, os assassinatos, a destruição e a irresponsabilidade criminosa de autoridades coniventes”.
Em princìpios dos anos 70 Eva Bán encontrava-se nos EUA como correspondente dos Diários Associados, do Brasil. Por essa época, ela afirma ter escutado, “com estes ouvidos que os vermes irão comer, grandes banqueiros e capitalistas declararem em Nova Iorque que a internacionalização da Amazônia era necessária, “e eu, obrigada a assistir e escutar coisas idiotas, deste tipo”.
Não é por outra razão que Eva Bán tem suas dúvidas “de que a destruição em Goiás, Amazonas, etc., seja só de origem nacional” Antes de Chico Mendes tombar, ela escrevia no Correio do Ilac que “as queimadas trarão um efeito perigoso para a nossa soberania como nação”. E que, “se isto não parar urgentemente, um dia acordaremos com tropas estrangeiras ocupando Goiás, Amazonas etc. para salvar o clima e a sobrevivência da espécie humana”. E completava: “que meu instinto e senso de análise de repórter experiente estejam errados”. (AFP/OFLU) *O Fluminense, 12 abril de 1989

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